Engraçado, nunca
havia pensado sobre isso.
Talvez porque sempre
haja escrito sob impulso, aquilo que alguns chamam de inspiração.
A “coisa” acontece
nos mais diferentes lugares e ocasiões. Pode surgir em situações prosaicas,
como ao fazer compras em um supermercado, ao exercitar-me na esteira, ao
acordar pela manhã, sob o chuveiro, numa noite de insônia. Ou então em momentos
propícios à reflexão e ao romantismo: o contemplar do vai-e-vem das ondas do
mar, um por do sol, o caminhar sobre o vetusto calçamento de uma cidadezinha
medieval. Outras vezes, instigada por uma conversa, uma leitura, uma notícia.
Surge então, mais que
o desejo, a necessidade de colocar aquelas idéias no papel.
Busco, então, papel e
lápis, como quem busca o ar.
Às vezes surge um
texto praticamente pronto, acabado. Outras, são apenas ideias que se anota para
desenvolver depois. Mas é sempre um “brotar”, como uma planta brota do solo.
Reflito agora que
escrever é, então, uma necessidade, uma urgência, uma premência.
Mas, necessidade de
que?
De exorcizar
fantasmas, de fazer catarse de angústias, de cantar a felicidade, de contar o
cotidiano.
E, também, a
necessidade, talvez a urgência, de autoconhecimento, de saber quem realmente
sou. De mostrar, primeiramente a mim mesma, como vejo o mundo, qual é meu olhar
sobre a vida e o viver. Exercitar meu lado “filósofa-psicóloga”.
Aquela pergunta de
ontem motivou este texto. Ela me fez pensar nos porquês de alguma coisa que eu
fazia instintivamente, sem buscar suas causas ou motivações. E olhe que é algo
que faço desde a adolescência, já lá se vai bem mais de meio século!
É, sempre é tempo de
refletir sobre nós mesmos. Para começar a fazê-lo, basta uma pedra na rua ou
uma palavra qualquer...
Escrever possui tantos motivos quanto voltas possuem nossas veias. Talvez nossa esperança de conseguir interpretar pisadas na terra, olhadas nas nuvens e esbarrões nunca desejados. Um jeito novo de andar por onde andamos com novos olhares...Gosto de ler suas linhas e da forma como descreve tudo que vê. Consegue passar calma e sabedoria com toques que enfeitam tudo que seu olhar cerca.
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