HOMENAGEM


Homenagem



Aos quatro ou
cinco anos, eu era uma garotinha que já gostava de fazer versos. Parece que eu
encerrava as minhas “apresentações” sempre com a mesma frase: bonecas no meu
coração. Tudo a ver com a minha paixão do momento...
Ao longo de
minha vida ouvi meu pai repetir esta estória. Aliás, sempre com muita alegria e
orgulho da “precocidade” da primogênita.
Por isso, o
título do blog é uma homenagem a meu pai, Humberto Narbot.

sábado, 28 de setembro de 2013

ÁRVORE



Este poema participou do projeto Um Poema em Cada Árvore, no Rio de Janeiro, em 21/09/2103.

Árvore

 

Árvore, cujos ramos se estendem

a proteger do sol inclemente.

Árvore, que abrigas ninhos

e cujas flores recendem

a perfumar e colorir caminhos.

Tuas folhas se desprendem

nos outonos amenos

a preparar invernos,

para tornar a renascer

nas primaveras.

 

Sirva-nos, árvore, teu exemplo

de renovar-se, bela,

a cada primavera,

para que o inverno,

em vez de desalento,

nos traga a cálida esperança

de também saber reflorir

em nova primavera.                                                           

                                             

         

                                    Campinas, Dia da Árvore – 21/09/2004

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ALINHAVOS


Alinhavos

 

Estou querendo alinhavar ideias. Mas, elas não aceitam ser emendadas com um fio qualquer. Exigem o fio da inspiração, fio delicado, fino, que se rompe à toa. Tinhoso, também, não se deixa segurar com facilidade. Maleável, escorregadio, escorre por entre os dedos, e lá se vai o alinhavar. Deixa-se perturbar pelo ruído de patas de cavalo no asfalto, som inusitado na cidade grande. Escapa da agulha e se perde no vozerio que sobe da calçada apinhada de desocupados. Começa a enlear-se no perfume das flores do jardim, enreda as crianças que estão a brincar no balanço. Vagueia estonteado em meio à trepidação ruidosa da grande avenida. Persegue a moça da saia curta, estaca em frente à vitrine tentadora e vai-se, completamente esquecido de sua obrigação de fio. Ficaram as ideias à deriva, sonhando ser bordadas, unidas, bem costuradas num texto minimamente coerente.

 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

SAUDADE COLORIDA

 
Fotografia de Dalva Saudo
 
 

 

Fevereiro. A Serra do Mar exibe-se, colorida em roxo, branco e lilás. É o florir dos manacás. Vem à memória a imagem, saudosa, da mãezinha. Sentada à janela do trem, feliz, encantada, olhos brilhantes, a contemplar a invasão florida e colorida dos manacás.



domingo, 8 de setembro de 2013

POEMA SEM NEXO


Nas horas corridas

de um dia monótono

a ausência

da presença

de gente em volta da gente,

que canta sozinha

que chora isolada

que pensa

no mundo

de sons e de gente

que corre lá fora,

além das janelas, que vêem os mares,

correndo, ou andando

sem pressa,

que a vida não lhes foge

como foge a nós

que corremos, corremos
 
                      sem nunca alcançá-la.                  

sábado, 7 de setembro de 2013

MEDITAÇÃO


 
 
 
 
 
 
 
Agora eu tenho tempo de olhar lá fora
 
e ver o sol .
 
Mas já não há mais sol.
 
Por que é que na vida
 
ou passamos correndo demais
 
e nada vemos,
 
ou,
 
quando paramos,
 
 
                     nada mais há para se ver?