HOMENAGEM


Homenagem



Aos quatro ou
cinco anos, eu era uma garotinha que já gostava de fazer versos. Parece que eu
encerrava as minhas “apresentações” sempre com a mesma frase: bonecas no meu
coração. Tudo a ver com a minha paixão do momento...
Ao longo de
minha vida ouvi meu pai repetir esta estória. Aliás, sempre com muita alegria e
orgulho da “precocidade” da primogênita.
Por isso, o
título do blog é uma homenagem a meu pai, Humberto Narbot.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

NO MEU TEMPO...


No meu tempo...

Eta expressãozinha mais besta!

Já morri? Não? Então o tempo de hoje também é meu.

Por que a gente, que já nasceu há algum tempo, há de se excluir dos tempos que correm, como se fossemos mortos-vivos a assombrar os mais jovens?

Na vã e fútil tentativa de afirmar que antigamente, sim, as coisas eram boas, acabamos nos isolando da vida, marginalizando-nos voluntariamente das boas coisas modernas que ocorrem à nossa volta.

E será que, antigamente, tudo era mesmo tão melhor? Duvido. Havia algumas coisas melhores, mas também as havia piores. Bobagem querer insistir que vivíamos no melhor dos mundos.

Acontece que o tempo lança sobre o passado um véu dourado, e é sob este véu que visualizamos aquilo que ontem vivemos. Embaçado pelos anos e pela nossa própria má visão, os tons dourados imperam, e o passado fantasiado torna-se perfeito.

Por outro lado, como em nossa juventude ouvimos de nossos pais e avós que no tempo deles, sim, é que tudo era bom, agora queremos ir à forra. Então nos vangloriamos do “nosso tempo”, azucrinando nossos filhos. Afinal, chegou a nossa vez de atormentar os outros...

Se parássemos para refletir, talvez conseguíssemos enxergar a realidade do tempo “antigo” e não as fantasias que colocamos nele.

Lembra-se do telefone nos anos 50? Talvez não se lembre, porque poucos possuíam essa comodidade em casa. Para telefonar dependia-se da boa-vontade do dono da padaria, da farmácia, do armazém... Porque nem “orelhão” na esquina havia. Uma ligação para outra cidade, então, demandava horas de espera. Conforme a distância, mais rápido pegar um ônibus e dar o recado pessoalmente...

Televisão, só preto-e-branco, e com chuvisco... Fim-de-semana era um tal de os homens da casa subirem ao telhado para mexer na antena pra lá e pra cá. E a gente cá embaixo a gritar: agora piorou, muda o lado; isso, está começando a melhorar; ih!, piorou de novo... E lá se ia o sábado, sem que ninguém conseguisse ver o futebol! Bem que a gente tentava, até Bom-Bril na antena interna se colocava, numa última e desesperada tentativa de se ver alguma coisa...

Será mesmo que era melhor?

Mais crianças sem escola, mais analfabetos, mortalidade infantil maior... Sei não...

Mas a gente tem mania de dizer “no meu tempo era melhor”. Música, por exemplo. Sempre se ouve a geração dos pais dizer aos filhos que a música moderna é uma porcaria, não tem letra, não tem melodia, que as músicas antigas é que eram boas. Ora, música ruim havia até mesmo no tempo de Mozart, por que na nossa geração não? Assim como hoje também há música boa, sim.

O problema é que não queremos aceitar que a evolução e a mudança são coisas boas e não ruins. Além de tudo, inevitáveis, não há como fugir delas. Na nossa arrogância, não aceitamos que os jovens podem, sim, saber mais e fazer melhor que nós.  Que por serem diferentes, terem outros ideais e gostos, não são piores nem melhores, são apenas... diferentes.

Nós também mudamos. Não somos mais os jovens que éramos naquele bendito nosso tempo, nem pensamos igual ao que pensávamos. E, como diz a canção, estamos fazendo tudo como nossos pais.

Como nossos filhos farão, no futuro, e depois deles nossos netos. A Humanidade é sempre igual, só mudam as datas.

O melhor, mesmo, é nos apropriarmos de todos os tempos: o nosso, o dos nossos pais, filhos, netos, tirando deles o que eles têm de melhor e misturando qual os ingredientes de um bolo, fazendo com que a nossa vida cresça em vez de murchar, tornando-se cada vez mais doce.

Espero que o meu tempo não tenha passado, mas que ainda esteja começando a chegar...

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

PREPARANDO O NATAL





PREPARANDO O NATAL

 

Está chegando o Natal. Como todos os anos, a mesma correria às lojas superlotadas, para a compra de presentes. Enfeita-se a casa com objetos natalinos. Preparam-se ceias fartas e grandiosas, até exageradas. Todos se cansam, se esfalfam, em preparativos para o Natal.

Porém, quantos se lembram do real significado do Natal e se voltam para o Aniversariante? Quantos realmente sabem o que estão comemorando com tanto frenesi? Quantos dedicam nem que seja apenas um momento, para reflexão, a imaginar o que teria sido da Humanidade, se não tivesse nascido aquele Menino especial?

Ao longo do caminho fomos perdendo a simplicidade com que se comemoravam os Natais, cada qual fazendo o presente com que agraciar os amigos: biscoitos, geléias, bolos, trabalhos manuais, enfim, o que sabia fazer de melhor, doando não apenas um objeto material, mas o tempo e o amor que havia empregado na sua confecção.

Embora as exigências e atribulações da vida moderna já não nos deixem tempo, ou vontade, para estas gentilezas de antigamente, façamos este ano um Natal um pouco diferente.

Enfeitemos, sim, nossas casas, preparemos a ceia para familiares e amigos, compremos pequenas lembranças para eles. Mas...

Além de todos estes preparativos, preparemos nossos corações para que neles penetre um convidado especial: Jesus.

Esta festa, vamos prepará-la com calma, sem pressa nem correria. Não precisaremos gastar nem um centavo para engalanar a alma e o coração. Para fazer a festa em grande estilo, só precisaremos de uma coisa: a vontade de realizá-la.

Para a decoração, a oração, os bons pensamentos, a boa-vontade, a indulgência, a caridade.

Escolhamos os presentes de que Jesus gosta, mas que não se encontram à venda nas lojas, nem mesmo nas mais sofisticadas. Quais são eles?

O perdão para quem nos magoou. A compreensão fraterna para com as atitudes menos felizes de familiares ou amigos que estão passando por momentos difíceis. O não julgar. A ausência de preconceito. O sorriso amigo aos que nos cercam. A palavra de carinho para superiores como para subalternos.

Estejamos prontos para receber em festa Aquele que, mesmo sendo perfeito, aceitou o sacrifício de encarnar neste planeta para nos ensinar o Amor, o Perdão, a Fraternidade e a Paz.

Feliz Natal!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ah! essa lua sobre o mar


                                                             Foto: Lu Filgueiras


Ah! essa lua sobre o mar...

Em sua esteira de prata

navega o coração

embalado pelas ondas

e o suave marulhar.

 

Ah! essa lua sobre o mar...

Feiticeira encantadora

traz lembranças de outros tempos

de perfumes, de palavras

um suave murmurar.

 

Ah! essa lua sobre o mar...

Lua antiga, mar antigo

antigos amores

tudo volta, tudo vive, tudo canta,

tudo sonha sob o luar.

 

Ah! essa lua sobre o mar...

domingo, 20 de outubro de 2013

REFLEXÃO PESSOAL SOBRE O QUE É SER POETA



Antes de sermos Poetas, somos cidadãos. Cidadãos de nosso país, mas também do mundo. Cidadãos do microcosmo familiar, dos amigos, do trabalho, dos grupos que frequentamos.
Como cidadãos, refletimos SOBRE os acontecimentos dos diferentes ambientes em que vivemos. Como poetas, refletimos os mesmos acontecimentos.
Refletindo o nosso microcosmo, colocamos em nossos versos sentimentos e conflitos existenciais que existem desde sempre no coração e na mente humanos. Falamos sobre o amor, a saudade, a alegria, a tristeza, o sofrimento, a morte, Deus, a Natureza, as perdas, os sucessos e fracassos. Colocamos em palavras sentimentos que nosso semelhante, talvez, não saiba, ou não consiga, expressar. Nós o fazemos por ele, e o aliviamos e consolamos.
Refletindo o macrocosmo, escrevemos sobre a sociedade, as injustiças, os preconceitos, as guerras, a corrupção, a violência, os desmandos, os abusos de poder. Nós os denunciamos e gritamos nosso protesto, também em nome daqueles que não o sabem ou não o podem fazer. Somos seus porta-vozes, seus tradutores.
Nem sempre lidos, nem sempre compreendidos, seguimos cumprindo nosso papel, nossa missão, exercendo nosso ofício.
 
 
HOJE, 20 DE OUTUBRO, É O DIA DO POETA

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

RETALHOS


 

Retalhos de vida
momentos banais
histórias vulgares
gente sofrida
tragédias iguais
os mesmos lugares.
 
É a vida que passa
comum
corriqueira
e deixa para trás
sonhos
amores
dores,
nada mais...

sábado, 28 de setembro de 2013

ÁRVORE



Este poema participou do projeto Um Poema em Cada Árvore, no Rio de Janeiro, em 21/09/2103.

Árvore

 

Árvore, cujos ramos se estendem

a proteger do sol inclemente.

Árvore, que abrigas ninhos

e cujas flores recendem

a perfumar e colorir caminhos.

Tuas folhas se desprendem

nos outonos amenos

a preparar invernos,

para tornar a renascer

nas primaveras.

 

Sirva-nos, árvore, teu exemplo

de renovar-se, bela,

a cada primavera,

para que o inverno,

em vez de desalento,

nos traga a cálida esperança

de também saber reflorir

em nova primavera.                                                           

                                             

         

                                    Campinas, Dia da Árvore – 21/09/2004

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ALINHAVOS


Alinhavos

 

Estou querendo alinhavar ideias. Mas, elas não aceitam ser emendadas com um fio qualquer. Exigem o fio da inspiração, fio delicado, fino, que se rompe à toa. Tinhoso, também, não se deixa segurar com facilidade. Maleável, escorregadio, escorre por entre os dedos, e lá se vai o alinhavar. Deixa-se perturbar pelo ruído de patas de cavalo no asfalto, som inusitado na cidade grande. Escapa da agulha e se perde no vozerio que sobe da calçada apinhada de desocupados. Começa a enlear-se no perfume das flores do jardim, enreda as crianças que estão a brincar no balanço. Vagueia estonteado em meio à trepidação ruidosa da grande avenida. Persegue a moça da saia curta, estaca em frente à vitrine tentadora e vai-se, completamente esquecido de sua obrigação de fio. Ficaram as ideias à deriva, sonhando ser bordadas, unidas, bem costuradas num texto minimamente coerente.

 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

SAUDADE COLORIDA

 
Fotografia de Dalva Saudo
 
 

 

Fevereiro. A Serra do Mar exibe-se, colorida em roxo, branco e lilás. É o florir dos manacás. Vem à memória a imagem, saudosa, da mãezinha. Sentada à janela do trem, feliz, encantada, olhos brilhantes, a contemplar a invasão florida e colorida dos manacás.



domingo, 8 de setembro de 2013

POEMA SEM NEXO


Nas horas corridas

de um dia monótono

a ausência

da presença

de gente em volta da gente,

que canta sozinha

que chora isolada

que pensa

no mundo

de sons e de gente

que corre lá fora,

além das janelas, que vêem os mares,

correndo, ou andando

sem pressa,

que a vida não lhes foge

como foge a nós

que corremos, corremos
 
                      sem nunca alcançá-la.                  

sábado, 7 de setembro de 2013

MEDITAÇÃO


 
 
 
 
 
 
 
Agora eu tenho tempo de olhar lá fora
 
e ver o sol .
 
Mas já não há mais sol.
 
Por que é que na vida
 
ou passamos correndo demais
 
e nada vemos,
 
ou,
 
quando paramos,
 
 
                     nada mais há para se ver?       

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

PROJETO UM TESOURO CHAMADO LIVRO - MUTIRÃO CULTURAL



 
 

Hoje teve início o Projeto Um Tesouro Chamado Livro, atividade que se repetirá todo dia 30.
 
É um projeto do Portal do Poeta Brasileiro e da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, ideia da acadêmica Vera Salbego , do Rio Grande do Sul. Membros do Portal e da ANLPPB espalhados pelo Brasil todo, hoje deixarão livros em locais públicos, com um bilhete explicativo, no intuito de incentivar a leitura.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

QUEDA


Desnuda, poeta, a alma
Canta tua dor
Verte todas as lágrimas
Sonha com o amor
Procura rimas
E depois, desaba...

sábado, 24 de agosto de 2013

Noturno


A noite embala meus sonhos
ingênuos e cansados
de ser sonhados
inutilmente.
A noite embala meus sonhos,
eles dormem.
Sem sonhos para sonhar,
ouço o noturno
que a noite canta para as estrelas
sem saber chorar.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O PENSAR DE CADA UM




No livro “A Garota das Laranjas”, de Jostein Gaarder, o personagem Georg cita “o velho caderno da casa de campo”, onde seu pai costumava fazer anotações. Quando o pai de Georg morreu, este tinha apenas quatro anos. Foi através deste caderno, e de uma carta que o pai lhe deixou, que Georg pode tomar contato com fatos de sua primeira infância, e conhecer melhor o pai de quem mal se lembrava.
Inspirada neste caderno da casa de campo, resolvi-me a ter um caderno da casa de praia.
Por que não? Afinal, todos nós, seres humanos, somos dotados da capacidade de pensar. Capacidade, aliás, compulsória, porque não conseguimos deixar de exercê-la.
Embora não sejamos filósofos, grandes pensadores, sábios ou eruditos, ainda assim, ao longo da vida, vamos construindo nossas ideias e conjunto de valores. Em contato com outros seres humanos, com livros, filmes, músicas, acontecimentos, alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, vamo-nos modificando, amadurecendo. Forjamos nossos conceitos sobre a vida e o viver. Por que não registrá-los?
No caso do livro, era um pai com uma doença terminal, que sabia que não iria ver o filho crescer. Quis, então, deixar algo de si ao filho pequeno, para que este, quando adulto, pudesse conhecê-lo.
Não chegamos, talvez, a esta tragédia. Inclusive, nossos filhos e netos podem nem se interessar por aquilo que temos a dizer. Mas, o fato de escrever sobre o que pensamos e sentimos, fornece-nos a oportunidade de atingir o autoconhecimento, o que, convenhamos, não é pouco!
Dizia o grande filósofo grego da antiguidade: Conhece-te a ti mesmo.
Sigamos o conselho. Deixemos registrados em secretos cadernos, pensamentos e sentimentos de cada momento. Ao relê-los mais tarde, certamente muitas surpresas estar-nos-ão reservadas!

sábado, 10 de agosto de 2013

CORRESPONDÊNCIA

 
Acostumei-me aos emails, afinal estamos no século XXI. Mas, tenho saudade das cartas, que sempre gostei de escrever.
Um email pressupõe brevidade, concisão, síntese, pois os dias de hoje literalmente correm, não há tempo para grandes conversas, detalhes sem importância, pequenos nadas. Uma carta permite maior extensão, jogar conversa fora, dizer coisas banais e corriqueiras.
Quando eu era adolescente, estava na moda a troca de correspondência com outros jovens de outros países, em inglês, para treinar o idioma. Tive várias correspondentes, no Japão, Canadá, EUA. A maioria delas, logo foi interrompida. Entretanto, com uma jovem americana a correspondência manteve-se de 1958 até lá por volta de 1973. Neste meio tempo ela casou-se, teve filhos, eu também, e as cartas continuavam, só mudando o assunto pois haviam mudado as preocupações do momento. Depois, não sei o porquê, as cartas cessaram. Coisas da vida.
À época em que iniciei esta troca de cartas, na rua em que eu morava não passava carteiro. Era necessário ir à agência dos Correios do bairro para retirar a correspondência. Coisa que eu, com tempo de sobra, fazia quase todos os dias. Imaginem fazer isso hoje!
Mas, apesar dos pesares, não perdi o gosto pela troca de cartas. Assim, se alguém tiver vontade e vagares, pode trocar comigo longa epístolas, ainda que eletrônicas...

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

GOTAS



Na folha em branco
gotejam letras
escorrem palavras.
 
Palavras-ímãs
atraem sonhos
lágrimas
dores
risos
amores.
 
Gotejam letras
escorrem palavras.
 
Gotas.
Go
   te
    jam.
Go
   te
    jam.
 
O lago, versos.
 
 
(Lago Igapó - Londrina, PR - foto da autora)


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso...


Foto: arquivo pessoal

Viajar é muito bom. Trazemos conosco, incrustadas na alma, paisagens e vivências diversas. Entramos em contato com culturas totalmente diferentes da nossa, muitas vezes nos sentindo deslumbrados, outras vezes, chocados. Mas, é preciso saber aceitar as diferenças. Dizia minha avó: “cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.” Penso que ela estava certíssima.

A comparação é sempre perigosa, porque baseada em muito subjetivismo e gosto pessoal. Um mesmo lugar pode ser adorado e endeusado por alguns e odiado por outros. Difícil ser objetivo, confesso.

Eu, por exemplo, me encanto com coisas antigas. Passear por Paris e observar a uniformidade, até uma certa monotonia das edificações, me deslumbra. Talvez porque, vivendo num país de pouco mais de quinhentos anos, é difícil imaginar algo que esteja edificado há mais de mil. O que não me impede de ter ficado apaixonada pela arquitetura de Chicago, com toda a sua modernidade. Em tudo podemos encontrar beleza ou feiura, questão de como olhamos as coisas.

Porém, mais uma vez, o que me chamou a atenção, foi a relação do parisiense com os livros e a leitura. Nào bastassem excelentes e numerosas livrarias, ainda há os famosos “bouquinistes”, as bancas de sebo à beira do Sena.

Observei muita gente com livros nas mãos, lendo no metrô – inclusive os que viajavam de pé – em filas, etc. Gente de toadas as idades, não eram só velhos, não. Jovens que, seguramente não estavam lendo para trabalho escolar, pois o ano letivo havia se encerrado e eles estavam em plenas férias de verão. Gente indo para o trabalho, para as compras, para os compromissos. Leitura de jornal em profusão. O mesmo nos trens para outras cidades.  Claro, havia também gente de todas as idades, coma visão fixa na telinha do celular, teclando sem parar. Numa clara demonstração de que pode haver convivência pacífica entre o antigo e o moderno.

Como devoradora de livros, apaixonada pela leitura, inevitavelmente fiz a comparação entre eles e nós. Não temos o hábito da leitura. Em geral, (há inúmeras exceções), os adultos leem pouco e os jovens o fazem por obrigação escolar ou de vestibular. Mas é preciso reconhecer que, na França, os livros são baratos, sobretudo as edições de bolso. E aqui, livro é objeto de luxo, acessível a poucos. Para que se crie este hábito de ler, para que se possa fomentar a cultura, são necessários programas educacionais de vulto.

Enquanto isto, nada de comparações. Vamos mesmo ficar com o dito popular...

 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

TURISMO





A viagem pela França ainda turbilhona em meu cérebro. Paris continua uma festa. Strasbourg e Colmar encantam exibindo ares de influência alemã, misturando culturas. Reims com sua Catedral Gótica onde 32 reis da França foram coroados e sagrados traz história, mas também deliciosos champanhes – a famosa Veuve Clicquot, a Moet et Chandon, além de várias outras marcas. Bordeaux tem muito charme e excelentes vinhos, a medieval Saint Emilion é toda ela patrimônio histórico da Humanidade. O vale do Loire e seus castelos parecem cenário de contos de fadas.
Vimos tanta coisa, que tudo ainda precisa ser sedimentado e digerido, para render frutos.
Vem-me à memória apenas uma passagem pitoresca, típica do turismo apressado e consumista.
Depois de dias de frio e céu nublado, finalmente o verão chegou, num luminoso dia de sol perfeito para o passeio programado: Giverny e os jardins de Monet. Conservados até hoje como nos tempos de seu dono, dão-nos a sensação de caminhar dentro das telas do pintor, ao redor do lago e das ninfeias, cercados pelos chorões.
Quando estávamos chegando ao local, um grupo de turistas brasileiras muito jovens, caminhava a poucos passo de nós. Foi quando ouvimos o seguinte diálogo:
 - Afinal, quem é este tal de Claude Monet?
- Acho que é um pintor meio famoso.
- Ah, mas ele já morreu ou ainda está vivo e morando na casa?
Neste momento, achamos melhor apressar o passo...