Foto: arquivo pessoal
Viajar é muito bom. Trazemos conosco, incrustadas na
alma, paisagens e vivências diversas. Entramos em contato com culturas
totalmente diferentes da nossa, muitas vezes nos sentindo deslumbrados, outras
vezes, chocados. Mas, é preciso saber aceitar as diferenças. Dizia minha avó:
“cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.” Penso que ela estava
certíssima.
A comparação é sempre perigosa, porque baseada em
muito subjetivismo e gosto pessoal. Um mesmo lugar pode ser adorado e endeusado
por alguns e odiado por outros. Difícil ser objetivo, confesso.
Eu, por exemplo, me encanto com coisas antigas.
Passear por Paris e observar a uniformidade, até uma certa monotonia das edificações,
me deslumbra. Talvez porque, vivendo num país de pouco mais de quinhentos anos,
é difícil imaginar algo que esteja edificado há mais de mil. O que não me
impede de ter ficado apaixonada pela arquitetura de Chicago, com toda a sua
modernidade. Em tudo podemos encontrar beleza ou feiura, questão de como
olhamos as coisas.
Porém, mais uma vez, o que me chamou a atenção, foi a
relação do parisiense com os livros e a leitura. Nào bastassem excelentes e
numerosas livrarias, ainda há os famosos “bouquinistes”, as bancas de sebo à
beira do Sena.
Observei muita gente com livros nas mãos, lendo no
metrô – inclusive os que viajavam de pé – em filas, etc. Gente de toadas as
idades, não eram só velhos, não. Jovens que, seguramente não estavam lendo para
trabalho escolar, pois o ano letivo havia se encerrado e eles estavam em plenas
férias de verão. Gente indo para o trabalho, para as compras, para os
compromissos. Leitura de jornal em profusão. O mesmo nos trens para outras
cidades. Claro, havia também gente de
todas as idades, coma visão fixa na telinha do celular, teclando sem parar.
Numa clara demonstração de que pode haver convivência pacífica entre o antigo e
o moderno.
Como devoradora de livros, apaixonada pela leitura,
inevitavelmente fiz a comparação entre eles e nós. Não temos o hábito da
leitura. Em geral, (há inúmeras exceções), os adultos leem pouco e os jovens o
fazem por obrigação escolar ou de vestibular. Mas é preciso reconhecer que, na
França, os livros são baratos, sobretudo as edições de bolso. E aqui, livro é
objeto de luxo, acessível a poucos. Para que se crie este hábito de ler, para
que se possa fomentar a cultura, são necessários programas educacionais de
vulto.
Enquanto isto, nada de comparações. Vamos mesmo ficar
com o dito popular...