HOMENAGEM


Homenagem



Aos quatro ou
cinco anos, eu era uma garotinha que já gostava de fazer versos. Parece que eu
encerrava as minhas “apresentações” sempre com a mesma frase: bonecas no meu
coração. Tudo a ver com a minha paixão do momento...
Ao longo de
minha vida ouvi meu pai repetir esta estória. Aliás, sempre com muita alegria e
orgulho da “precocidade” da primogênita.
Por isso, o
título do blog é uma homenagem a meu pai, Humberto Narbot.

segunda-feira, 31 de março de 2014

ENCANTO






A chuva que cai
O sol que retorna
A lua que sai
Ao céu e o adorna
 
A flor que perfuma
O ar que me rodeia
A brancura da espuma
Molhando a areia
 
Em toda esta beleza
Que há na Natureza
Eu não sei por que
 
Não consigo encontrar
Nada igual ao olhar
Que me encanta em você.
 
São Paulo, 1961

segunda-feira, 24 de março de 2014

ROTINA





Saio de casa para o trabalho. O mesmo caminho de todos os dias, que conheço de cor e salteado, dá-me oportunidade de divagar. Um flamboyant florido explode em cor. Outras árvores florescem. A cidade tem ainda bastante verde em contraste com o concreto das construções. Gosto de morar aqui.

Passo por um bosque. As árvores fazem-me voltar no tempo, a um domingo frio e ensolarado, no Central Park em Nova Iorque. Hordas de turistas no Strawberry Field, homenagem a John Lennon. Mas o restante do parque está calmo. Famílias passeando, gente praticando corrida, andando de bicicleta, em grupos ou solitários. Aqui e ali, músicos tocando e cantando, tentando ganhar alguns trocados.

Uma buzina estridente tira-me do devaneio e traz-me de volta ao presente. Observando a praça por onde agora passo, bem cuidada, penso em outras abandonadas pelas autoridades ou destruídas pelo vandalismo de quem delas poderia beneficiar-se. Percebo que cheguei ao destino e observo que meu pensamento levou-me bem além do trajeto cotidiano.

sexta-feira, 14 de março de 2014

POESIA, PRA QUE TE QUERO?


Minha Homenagem ao Dia Nacional da Poesia
 
 
Poesia, pra que te quero?

 

Quero-te, Poesia, para cantar e contar o Mundo e o Homem. Para cantar as estrelas, o Sol e a Lua, as matas e os rios, as flores e os animais. E para contar como estas belezas estão sendo destruídas.

Quero-te, Poesia, para cantar o Homem e suas realizações. E para contar sua dualidade e os sentimentos vários que nele vivem e convivem. Anjo e demônio, ternura e crueldade, delicadeza e violência, guerra e paz, amor e ódio.

Quero-te, Poesia, para cantar e enaltecer amores, para comover e emocionar. Quero-te para contar sucessos e fracassos, vitórias e derrotas.

Quero-te, Poesia, para suportar o tempo que passa, para chorar a Morte e celebrar a Vida.

És, Poesia, o ar que respiro, a água que me dessedenta, o alimento que me nutre, a força que me move. Assim sendo, quero-te, Poesia, para poder viver.

quarta-feira, 12 de março de 2014

HERANÇA


 


 

Longe, tão longe,

o sol se despede

e parte...

Perto, tão perto,

alguém se vai também.

 

Deixa como seus,

saudade e folhas de papel

rasgadas, sujas,

e palavras, só palavras,

que breve somem também.

quarta-feira, 5 de março de 2014

TRISTEZA


Minhas lágrimas,

banhando a noite triste

de meus olhos,

sulcam meu rosto

e levam ódio,

saudade,

para longe

de meu mundo isolado.

Mas as lágrimas

que molham

meu rosto não beijado

não levam a tristeza,

a que nem mesmo é triste,

e que vive em mim

porque nasceu comigo.                          
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo, 17/08/1963.
Do livro Versos ao Longo do Caminho
 
 
 

segunda-feira, 3 de março de 2014