HOMENAGEM


Homenagem



Aos quatro ou
cinco anos, eu era uma garotinha que já gostava de fazer versos. Parece que eu
encerrava as minhas “apresentações” sempre com a mesma frase: bonecas no meu
coração. Tudo a ver com a minha paixão do momento...
Ao longo de
minha vida ouvi meu pai repetir esta estória. Aliás, sempre com muita alegria e
orgulho da “precocidade” da primogênita.
Por isso, o
título do blog é uma homenagem a meu pai, Humberto Narbot.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

CICLO DO VENTO - IV - VENTO


Ciclo do Vento 

IV - Vento

 

 

O ar em seu movimento,

se é calmo é brisa macia,

mas quando corre veloz,

impaciente, barulhento,

chama-se ventania.

 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

CICLO DO VENTO - III - VENTANIA


Ciclo do Vento  
III - Ventania


 

Faz medo, às vezes, o vento.

Ao sacudir as vidraças

Quando passa, violento,

Traz presságios de desgraças.

 

À mente vêm-nos imagens

De uma terra castigada,

De convulsas paisagens

Por sua ira devastadas.

 

Árvores desnudadas,

Folhas rolando ao léu,

Coisas sendo arrastadas.

 

Na voragem da ventania

O que é da terra sobe ao céu

E sem querer rodopia...

segunda-feira, 20 de maio de 2013

CICLO DO VENTO - II - TEMPESTADE


Ciclo do Vento

II - Tempestade

 

 

O vento que passa assobiando

E com rudeza bate na janela,

Traz folhas soltas que vão rodopiando,

E, em seu bojo, o anúncio da procela.

 

Transborda em frias águas o céu cinzento

De nuvens, que rolam loucamente;

Relâmpagos cruzam depressa o firmamento,

Trovões ribombam, atordoando a mente.

 

Sob a chuva que cai no solo, já encharcado,

Árvores vergam, pássaros tremem e, com um gemido,

O homem olha o céu, apavorado.

 

Mas de súbito renasce a esperança:

Um raio de sol, na água refletido,

Brilhando ao longe, aonde a vista mal alcança.

sábado, 18 de maio de 2013

CICLO DO VENTO - I - DANÇA


Ciclo do Vento 

I - Dança

 

A folha que rodopia

ao vento,

não tem noção, sentimento,

deste seu rodopiar;

não sabe se é de alegria

sua dança, seu movimento,

ou só se deixa levar;

gira, sobe, alça voo,

paira um pouquinho no ar,

depois tomba, sem tristeza,

e recomeça a dançar;

e é bonita esta dança,

o movimento, a leveza

da folha que não se cansa

de tanto rodopiar.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O HOMEM QUE SORRIA (Crônica)


Oito e meia da manhã de uma terça-feira qualquer. No cruzamento, o semáforo abriu, os carros iriam começar a se movimentar.

E tranquilo, no meio da rua, o homem continuava a sorrir e a acenar para alguém na calçada,

Irresponsável, mas, para sorte dele, os motoristas aguardaram, sem sequer buzinar, que ele completasse a travessia.

No mundo de hoje, em que corremos tanto, impossível imaginar alguém com tamanha tranquilidade.  Desocupado, ocioso, não parecia ser. A mochila às costas sugeria alguém a caminho ou de volta do trabalho.

Diferente e um tanto surpreendente, o fato de sorrir, um sorriso aberto, franco, alegre. Um tanto inusitado, também, acenar para alguém.

Porque se nos observarmos e aos outros transeuntes, veremos que ninguém sorri ao caminhar pela rua.

Mal olhamos o que se passa ao nosso redor. Se a casa que fica defronte à nossa janela for pintada com todas as cores do arco-íris, talvez levemos meses para notar. Quanto mais olhar para as pessoas que caminham a nosso lado pela rua. E há aí um agradável passatempo.

Cruzamos com apressados, que esbarram em nós. Ou mal humorados, tristes, sérios. Os que falam sozinhos, em longos solilóquios, até mesmo gesticulando ao fazê-lo.

Talvez haja alguns que, como aquele homem, sorriem. Nós é que não os observamos, porque nossa atenção está longe, muito longe. Estamos lá no futuro próximo, nos compromissos e obrigações que nos esperam, no tempo que voa.

Inusitado, talvez, não tenha sido o homem que sorria e acenava. Inusitado foi o fato de alguém tê-lo notado.

 

 

sábado, 11 de maio de 2013

À MINHA MÃE


Gosto de lembrá-la, mãezinha,

em época de Festas

na cozinha a preparar

velhas receitas de família,

tradicionais delícias

de Páscoa ou de Natal,

que me embalaram a infância

e hoje me aquecem a velhice.

Com você aprendi a apreciar,

mais que o sabor,

o valor das iguarias

simples

herdadas do passado.

Correu o Tempo

em suas águas mansas,

e, hoje, o prepará-las

eu mesma, em meu recanto,

é o laço forte

que nos une,

superando a morte.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

ESQUECIMENTO


Já não posso distinguir teu rosto.
 
E teus olhos, como são?
 
Azuis, verdes, negros? Não sei.
 
Entre tantas vozes que vibram no ar
 
a tua
 
qual delas é? Não a reconheço.
 
O momento em que te amei
 
forma agora em meu cérebro
 
um vazio, e nem mesmo sei
 
se tu exististes ou se fui eu que,
 
sonhando,
 
                                     te criei.                                                     

quarta-feira, 8 de maio de 2013

AMBIÇÃO


Quando eu renascer

em outra vida quero ter

ouvido musical e afinação

para poder cantar,

e graça e ritmo e leveza

para dançar alegremente,

bailarina a rodopiar em piruetas,

e ter palavras com que me expressar

para louvar a Natureza

e as gentes,

e com tudo me surpreender e me encantar.

Mas se um só dom eu puder ter

então que seja ele (novamente)

o dom da alegria de viver.

sábado, 4 de maio de 2013

CANÇÃO (POETRIX)


Foto da autora - Praia Grande - Ubatuba
 
 
Melodia constante,
sensação de paz.
Marulhar.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

POETANDO

Colocar no papel
o sonho
a fantasia
o inusitado
o todo-o-dia
uma verdade
uma mentira.
Descrever o irreal
com palavras reais;
tomar emprestadas ao sonho
suas visões fugidias,
transformá-las
em palpáveis ousadias
rabiscadas no papel.
Reinventar a cada dia
outra vida
outro sonho
outra luta,
nova melodia
a embalar a realidade
a escondê-la
a camuflá-la
a transformá-la
em pura e simples poesia.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

REBELADAS PALAVRAS


As palavras me escorrem dos dedos

como quem tem vida própria,

e se espalham no papel.

Simplesmente fogem

independentes

rebeladas

inconstantes

inconseqüentes

mutantes

velozes

fugazes.

Vão-se, tão somente vão-se,

sem remorsos,

deixando-me tristonha,

sozinha

vazia

insone,

a procurar seu rastro.