UBATUBA
(foto da autora)
Rodavam pela estrada rumo ao litoral. Chegaram à Serra do Mar. A serra
estava linda, toda florida em tons de roxo, branco, rosa e lilás. Não só os
manacás, mas também as quaresmeiras, já estavam floridos. A ansiedade foi
crescendo, aos poucos, até um ponto quase insuportável.
Foi então que a menina escapou de dentro dela. Esticava o pescoço para,
lá do alto, ver o mar. Ei-lo, um pequeno vislumbre de água brilhando ao sol.
Mais algumas curvas e ele iria apresentar-se em nova e melhor visão. A menina
sabia que agora faltava pouco. Mais um trecho de curvas e estrada, e lá estaria
ele, à sua espera.
Então, cabelos ao vento, caminharia descalça sobre a areia macia, ao seu
encontro. Ele beijar-lhe-ia os pés, acariciar-lhe-ia a pele morna do sol,
envolvê-la-ia em seu abraço salgado. Na fímbria do mar, as conchas estariam
esperando que ela as recolhesse.
A menina, então, aquietou-se. Sabia que, pelos próximos dias, seria ela a
viver naquele corpo de mulher.
Depois, quando de novo subissem a serra, recolher-se-ia, quieta,
submissa, até que de novo voltassem ao mar.
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