Ocorreu lá por 1947
ou 48. Eu era pequena, não me lembro do fato, mas sim do “causo” que meus pais
contavam. Lembro-me – pouco – da personagem.
Mamãe trabalhava fora
o dia todo. Eu ficava na casa de minha avó, mas era necessário alguém para
auxiliar mamãe no cuidado dos serviços domésticos.
Indicada por
conhecidos como sendo alguém de boa índole, de confiança e bons costumes,
chegou um belo dia, vinda de uma fazenda nos confins do estado, uma moça gorda
e calada.
Tímida, não encarava
ninguém, mantinha sempre os olhos baixos.
Primeiro dia da moça
em casa, mamãe tendo que sair para trabalhar. Não havia jeito, deixou-a
sozinha.
Início da noite, ao
retornarem do trabalho, meus pais viram a casa totalmente às escuras, janelas
abertas, portas destrancadas.
Mamãe pensou
imediatamente: a moça foi embora, não agüentou as saudades de casa e fugiu!
Preocupados, sem
saber o que havia acontecido, se a casa fora assaltada, meus pais entraram
pelos fundos da casa. A porta da cozinha estava escancarada. Assustados,
acenderam a luz.
Para seu grande espanto,
lá estava a moça, sentada a um canto, quieta, encolhida, cochilando.
Assustou-se com a luz bruscamente acesa e benzeu-se: Cruz credo!
Mamãe perguntou:
Augusta, por que você ficou no escuro, em vez de acender a luz?
Veio a resposta
simples: Ih, dona, bem que eu quis alumiá a casa, cacei por todo o lado, mais num
achei os lampião...
Tadinha da moça... Um ótimo causo pra antes de dormir. Parabéns, Lu.
ResponderExcluirObrigada pela leitura, Márcio.
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