É tempo de Páscoa
e me vem à mente a infância
e as coisas simples que então
havia:
o capim pro coelhinho,
ovos cozidos tintos com cascas de
cebola,
e as procissões,
ah! as procissões.
A do Encontro era de madrugada
bem cedinho;
papai ia com os homens
por um caminho
e eu por outro,
com as mulheres.
Ao fim da procissão,
defronte à Igreja,
o Encontro,
que para mim, pequenininha,
não era o do Cristo com Sua Mãe,
mas meu encontro com papai.
Nas procissões noturnas
havia as velas, tão bonitas,
e o medo de que alguém
incendiasse os cabelos do vizinho
Quisera eu ser ainda
a menininha
e, ao fim da procissão
do Encontro,
poder, de novo, encontrar meu pai.
E eu também. Queria acordar de manhã com minha mãe e meu pai gritando: "Corre! O coelho já está indo embora!" E ver meu ninho cheio de ovos e bombons. Lindo poema, Lu. Me comoveu.
ResponderExcluirObrigada, Ana. Nestas datas a gente sente mais falta de quem já se foi.
ExcluirSaudade dos tempos idos... Você me fez chorar. Não vale isso !!!
ResponderExcluirRachel, obrigada pela leitura. A saudade bate forte, isto é verdade, mas recordar é viver duas vezes e na recordação o passado vem sempre num colorido mais bontio.
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