Esta mulher
que me fita do fundo do espelho
acho que não
sou eu.
Mas se eu
não sou ela e ela não sou eu,
então quem
sou eu?
Sou todas as
rugas de minha face
Sou todos os
fios brancos de meus cabelos
Sou todo o
cansaço de meu corpo
Sou todos os
pensamentos que pensei
Sou todos os
sentimentos e emoções que senti
Sou todos os
sonhos que sonhei
Sou todas as
experiências que vivi
Sou tudo o
que deveria e o que não deveria ter feito
Sou tudo o
que fiz e tudo o que não fiz.
Sou tudo
isto e ainda mais,
pois sou
também as rugas que a plástica levou
os fios
brancos de cabelos que tingi
tudo aquilo
que fingi
o amontoado
de pensamentos, sonhos e sentimentos
que se
escondem
em cantos
escuros da memória
em pontos
recônditos do coração
em pregas e
vincos da alma,
alguns
envergonhados, outros tristes,
mordidos de
remorsos pelo que poderia ter sido
e não foi,
ou foi errado.
Sou ainda
o que
pensaram de mim
o que
sentiram por mim
o que
sonharam para mim
o que
viveram por mim
o que me
deixaram viver
o que me
deixaram sentir
o que me
deixaram sonhar
o que não me
deixaram viver
o que não me
deixaram sentir
o que não me
deixaram sonhar
o muito ou
pouco que me amaram.
Por isso
olho e não me reconheço.
Porque ao me
olhar no espelho
só me vejo
com o olhar do momento fugaz
em que meus
olhos encontram meus olhos
no fundo do
espelho.
Lindo Lucia, muito lindo!
ResponderExcluirObrigada, Elizabeth, pela leitura e comentário.
ResponderExcluirOi, Lu! Incrível poema! Somos tantas coisas...
ResponderExcluirOi Ana! Somos várias e, como poetas temos ainda mais faces, inclusive a do fingidor tão bem escrita por Pessoa! Obrigada pela leitura.
ResponderExcluirAna, que maravilha de poesia.Sua criatividade foi genial, ao desnudar o seu próprio eu. Parabéns!!!
ResponderExcluirObrigada, wilson por seu comentário. Lu
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExcelente, Lu!
ResponderExcluirAinda há pessoas que não conseguem se olhar no espelho.
Meus aplausos!
Deus te abençoe!
Obrigada, Bosco Esmeraldo, pela leitura e comentário.
ResponderExcluirPARABÉNS LU NARBOT.
ResponderExcluirAMEI SEU BLOG E SEU TEXTO.
QUE ENGRAÇADO,QUANDO SURGIU A MUSICA DO ROBERTO...EU ESCREVI UM TEXTO ESSA MULHER NÃO SOU EU... E AGORA VI QUE TAMBÉM AS VEZES NÃO TE RECONHECES...
PARABÉNS. ABRAÇOS CATARINENSES
Arlete, obrigada pela leitura e comentário. Realmente, às vezes a gente não se reconhece mesmo. Coisas de mulher que, segundo dizem, é complicada, ou coisa de poeta.
ResponderExcluirCreio que todos nos fazemos as mesmas perguntas. No fundo, lá estamos, naquele reflexo. E muitas vezes não nos reconhecemos. Bjs.
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