HOMENAGEM


Homenagem



Aos quatro ou
cinco anos, eu era uma garotinha que já gostava de fazer versos. Parece que eu
encerrava as minhas “apresentações” sempre com a mesma frase: bonecas no meu
coração. Tudo a ver com a minha paixão do momento...
Ao longo de
minha vida ouvi meu pai repetir esta estória. Aliás, sempre com muita alegria e
orgulho da “precocidade” da primogênita.
Por isso, o
título do blog é uma homenagem a meu pai, Humberto Narbot.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O HOMEM QUE SORRIA (Crônica)


Oito e meia da manhã de uma terça-feira qualquer. No cruzamento, o semáforo abriu, os carros iriam começar a se movimentar.

E tranquilo, no meio da rua, o homem continuava a sorrir e a acenar para alguém na calçada,

Irresponsável, mas, para sorte dele, os motoristas aguardaram, sem sequer buzinar, que ele completasse a travessia.

No mundo de hoje, em que corremos tanto, impossível imaginar alguém com tamanha tranquilidade.  Desocupado, ocioso, não parecia ser. A mochila às costas sugeria alguém a caminho ou de volta do trabalho.

Diferente e um tanto surpreendente, o fato de sorrir, um sorriso aberto, franco, alegre. Um tanto inusitado, também, acenar para alguém.

Porque se nos observarmos e aos outros transeuntes, veremos que ninguém sorri ao caminhar pela rua.

Mal olhamos o que se passa ao nosso redor. Se a casa que fica defronte à nossa janela for pintada com todas as cores do arco-íris, talvez levemos meses para notar. Quanto mais olhar para as pessoas que caminham a nosso lado pela rua. E há aí um agradável passatempo.

Cruzamos com apressados, que esbarram em nós. Ou mal humorados, tristes, sérios. Os que falam sozinhos, em longos solilóquios, até mesmo gesticulando ao fazê-lo.

Talvez haja alguns que, como aquele homem, sorriem. Nós é que não os observamos, porque nossa atenção está longe, muito longe. Estamos lá no futuro próximo, nos compromissos e obrigações que nos esperam, no tempo que voa.

Inusitado, talvez, não tenha sido o homem que sorria e acenava. Inusitado foi o fato de alguém tê-lo notado.

 

 

6 comentários:

  1. Ótima crônica, Lu, principalmente o final 'inusitado'. Parabéns pelas palavras e observação. Abraços.

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  2. Ah, um sorriso aberto para você também!

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  3. Grandes verdades atuais. Infelizmente estamos assim, mas não o somos. Sua crônica nos convida a reviver nossa essência com seus, hoje tão complexos, valores simples.

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  4. Muito boa crônica, Lu! Boa tarde. Uma vez, eu mu marido nos sentamos no banco de uma praça, por onde passavam muitos carros e ônibus, e ele apostou comigo que se ele acenasse de repente, alguém responderia ao aceno; e ele acenou. Algumas pessoas no ônibus responderam. Comecei a fazer o mesmo, e rimos muito.

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  5. Maravilha! Prende do começo ao fim.
    Parabéns.

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  6. Obrigada, Helena Frenzel, Teresa Azevedo, Ana Bailune e Valéria pisauro pelas leituras e comentários. É um incentivo e tanto!

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