HOMENAGEM


Homenagem



Aos quatro ou
cinco anos, eu era uma garotinha que já gostava de fazer versos. Parece que eu
encerrava as minhas “apresentações” sempre com a mesma frase: bonecas no meu
coração. Tudo a ver com a minha paixão do momento...
Ao longo de
minha vida ouvi meu pai repetir esta estória. Aliás, sempre com muita alegria e
orgulho da “precocidade” da primogênita.
Por isso, o
título do blog é uma homenagem a meu pai, Humberto Narbot.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ALINHAVOS


Alinhavos

 

Estou querendo alinhavar ideias. Mas, elas não aceitam ser emendadas com um fio qualquer. Exigem o fio da inspiração, fio delicado, fino, que se rompe à toa. Tinhoso, também, não se deixa segurar com facilidade. Maleável, escorregadio, escorre por entre os dedos, e lá se vai o alinhavar. Deixa-se perturbar pelo ruído de patas de cavalo no asfalto, som inusitado na cidade grande. Escapa da agulha e se perde no vozerio que sobe da calçada apinhada de desocupados. Começa a enlear-se no perfume das flores do jardim, enreda as crianças que estão a brincar no balanço. Vagueia estonteado em meio à trepidação ruidosa da grande avenida. Persegue a moça da saia curta, estaca em frente à vitrine tentadora e vai-se, completamente esquecido de sua obrigação de fio. Ficaram as ideias à deriva, sonhando ser bordadas, unidas, bem costuradas num texto minimamente coerente.

 

3 comentários:

  1. Amo esses passeios pelos alinhavos... O resultado é tão espontâneo que por vezes nem é necessário costurar. Gostei muito!

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  2. Interessante é que essa trança nos faz caminhar sobre ela a explorar, ou degustar, todo espacinho da poesia nela derramada. Isso é coisa de Lu Narbot, graças a Deus.

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    1. Obrigada, Márcio, pela leitura e comentário. Abraços.

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