HOMENAGEM


Homenagem



Aos quatro ou
cinco anos, eu era uma garotinha que já gostava de fazer versos. Parece que eu
encerrava as minhas “apresentações” sempre com a mesma frase: bonecas no meu
coração. Tudo a ver com a minha paixão do momento...
Ao longo de
minha vida ouvi meu pai repetir esta estória. Aliás, sempre com muita alegria e
orgulho da “precocidade” da primogênita.
Por isso, o
título do blog é uma homenagem a meu pai, Humberto Narbot.

domingo, 11 de maio de 2014

POESIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA






Trabalho apresentado à Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro


Poesia Brasileira Contemporânea

Lu Narbot

I – Conceito

A Poesia Brasileira Contemporânea é aquela que começa a ser feita a partir de 1945, após o Modernismo, e vem até os dias atuais.

 

II - Introdução

O Modernismo não foi apenas um movimento literário, mas um movimento cultural e social abrangente, que promoveu a reavaliação da cultura brasileira. Liderado por Oswald e Mário de Andrade, começou oficialmente com a Semana de Arte Moderna, de 13 a 18 de fevereiro de 1922.

O Modernismo iniciou a fase mais produtiva da literatura brasileira. O livro inicial deste movimento foi Paulicéia Desvairada (1922) de Mário de Andrade.

A contribuição mais importante do Modernismo foi a defesa da liberdade de criação. Na Poesia, abandonaram as formas poéticas rígidas, valorizaram os temas cotidianos, tratados sem rebuscamento, com linguagem simples. Também é uma poesia de questionamento social, filosófico, religioso, em que o poeta deve estar inserido e refletir o mundo que o rodeia. De São Paulo e Rio de Janeiro, o movimento modernista espalhou-se por todo o Brasil.

Além dos líderes Mário e Oswald de Andrade, fizeram parte do Modernismo: Manuel Bandeira, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Morais, Murilo Mendes.

Seguiu-se uma terceira geração (1945 a 1980), autodenominada Geração de 45, que vinha em oposição às inovações modernistas, por isto foi também chamada de Pós-modernista.

No início dos anos 1940 surgem dois poetas que não se filiam esteticamente a nenhuma tendência, e que são considerados os representantes mais importantes da geração de 45: João Cabral de Mello Neto e Lêdo Ivo.

 

III – Poesia Contemporânea

Nos anos 1950, como uma reação ao Movimento Modernista, surgiu a Poesia Concreta. Seus fundadores foram Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos ao criar, em 1952 a revista “Noigrandes” (que significa antídoto contra o tédio, em linguagem provençal). Entretanto, a Poesia Concreta só foi oficialmente lançada em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em São Paulo. A proposta principal da Poesia Concreta é a utilização do espaço gráfico, sem preocupação com a tradição de começo, meio e fim. Por isso, o poema é denominado poema-objeto. Outras características desta poesia são: realismo total contra a expressão da subjetividade, a eliminação do verso, uso de neologismos e termos estrangeiros, exploração da sonoridade das palavras, a possibilidade de múltiplas leituras e o aproveitamento de todo o espaço em branco da página para a disposição das palavras. A comunicação visual é a forma de expressão da Poesia Concreta.

Em 1959, o maranhense Ferreira Gullar e outros poetas cariocas, romperam com o Concretismo e fundaram o Neoconcretismo, insurgindo-se contra o que chamavam de normatização e dogmatismo do Concretismo.

Em 1964, Ferreira Gullar retoma o verso discursivo e os temas sociais, visando retratar uma época e ter maior comunicação com o leitor.

Após o golpe militar e o AI 5, surge a Poesia de Resistência, com Ferreira Gullar, Affonso Romano de Sant’anna, Chico Buarque, Gianfrancesco Guarnieir, Oduvaldo Vianna Filho e Antonio Callado, entre outros.

Nos anos 1970 surgiu a chamada Poesia Marginal, porque não tinha vínculos com as grandes editoras, era produzida de forma independente e não convencional, em gráficas de fundo de quintal, e vendida em portas de cinema e teatros. Em 1980 houve uma “chuva de poesia”, lançada do alto do edifício Itália, em São Paulo. As poesias eram manifestações de denúncia e protesto, que zombavam da cultura e falavam do mundo imediato do próprio poeta.

 

Alguns poetas não se filiam a nenhuma destas tendências, construindo uma obra pessoal. Entre eles, Adélia Prado, Manoel de Barros, Cora Coralina.

 

IV - Poetas Contemporâneos

Escolhi entre os poetas contemporâneos, para este trabalho, pela diversidade de seus estilos, Manoel de Barros, Adélia Prado e Paulo Leminski.

 

Manoel de Barros(Cuiabá, 19/12/1916)

Manoel de Barros, cronologicamente pertence à geração de 45, mas formalmente, aproxima-se mais do Modernismo Brasileiro. Foi considerado por Carlos Drummond de Andrade, o maior poeta vivo brasileiro.

 

A Menina Avoada – XIII

 

O riacho

que corre por detrás de casa

cria uma espécie de madrugada rasteira

de viçar meninos...

(do livro Compêndio para uso dos pássaros)

 

Adélia Prado - (Divinópolis 13/12/1935)

Adélia Prado, embora escrevesse sonetos desde os 14 anos, só publicou seu primeiro livro, Bagagem, em 1976, aos 40 anos, e já mãe de cinco filhos. Em sua obra, Deus, a fé cristã, a religiosidade são constantes, assim como o seu cotidiano de cidade pequena.

 

Trégua

 

Hoje estou velha como quero ficar.

Sem nenhuma estridência.

Dei os desejos todos por memória

e rasa xícara de chá.

(do livro Bagagem)

 

Paulo Leminski (Curitiba, 24/08/1944 – 07/06/1989) –

Em 1964, o curitibano Paulo Leminski começa a publicar suas Poesias na Revista Invenção, publicada pelos concretistas. Herda do Concretismo a construção, os recursos visuais, mas une a isto a coloquialidade. Aproxima-se também dos poetas marginais, pela publicação não convencional de seus poemas.

 

Do Livro Caprichos & Relaxos

 

Aves

        de ramo

                    em ramo

 

meu pensamento

                         de rima

                               em rima

                                            erra

 

até uma

            que diz

                        te amo.

 


V - Conclusão

Neste início do século XXI, múltiplas são as tendências da Poesia Brasileira, sem preocupações com normas que a possam engessar, e utilizando-se de diferentes mídias para manifestar-se. No mundo atual, o poeta não apenas expressa sua emoção ou traduz e interpreta a alheia, sua função é, também, questionar e incomodar.

Com o advento da internet, muitos poetas foram surgindo no país. Se anteriormente lhes era impossível publicar, agora o fazem com constância e quantidade na mídia virtual. Nossa Academia, a ANLPPB, é um exemplo de como a internet pode reunir talentos que vivem fisicamente distantes, mas que conseguem comunicar-se e enriquecer seu universo.  Contrariando as previsões, a Poesia não só não morreu, mas continua mais viva do que nunca. Novas formas surgiram, como o Poetrix, a Aldravia, o Overtrip, etc.

Ao contrário do que ocorreu nos séculos passados, todas as formas de poesia convivem pacificamente. Cada poeta é livre para escolher a melhor forma de dizer o que deseja naquele momento.

Entretanto, alerta-nos Fabiano Fernandes Garcez, no texto A Poesia Contemporânea em Debate, publicado no Recanto das Letras:

“Há um grande problema na poesia brasileira, é que ela ainda vive em pequenos grupos de amigos, ainda não chegou ao grande público, há poucas, mais do que antes é verdade, mas ainda poucas, discussões e encontros sobre poesia.”

“Porém, a poesia por seu caráter, edificante e revolucionário, de questionar a realidade, tem que chegar às calçadas, às ruas, aos guetos, enfim a todos, sem exceção, porque quando questionamos a nossa realidade racional damos vozes à nossa irracionalidade emocional e inconsciente, que é o que precisamos entender que o ser humano necessita de algo bem mais caro do que o dinheiro pode comprar.”

2 comentários:

  1. Excelente trabalho, Lu!
    Acho que sou dessas poetas contemporâneas.

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    Respostas
    1. E das boas, Ana. Gosto muito do que você escreve, seja poesia, seja prosa. Obrigada pela leitura e comentário.

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