HOMENAGEM


Homenagem



Aos quatro ou
cinco anos, eu era uma garotinha que já gostava de fazer versos. Parece que eu
encerrava as minhas “apresentações” sempre com a mesma frase: bonecas no meu
coração. Tudo a ver com a minha paixão do momento...
Ao longo de
minha vida ouvi meu pai repetir esta estória. Aliás, sempre com muita alegria e
orgulho da “precocidade” da primogênita.
Por isso, o
título do blog é uma homenagem a meu pai, Humberto Narbot.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

PROMESSA DE ANO NOVO


 

Ano Novo, vida nova. Ele já não aguentava mais ouvir este chavão, infalível nesta época do ano.

Não que ele não fizesse promessas de Ano Novo. Ao contrário, fazia-as, e muitas. Mas, como eram promessas mirabolantes, nunca havia conseguido cumpri-las. Assim, chegava ao fim do ano frustrado, cansado, decepcionado consigo mesmo.

Entretanto, não se decidia a deixar de fazer promessas. Ainda desta vez, não iria deixar passar a ocasião. Resolveu ser mais modesto, porém, e fazer uma única promessa, assim , quem sabe, cumpri-la-ia.

Prometeu então que este ano iria aceitar-se como era, com suas qualidades e defeitos. Não ousava prometer eliminar, nem mesmo amenizar, um só defeito. Apenas aceitação, iria ser sua promessa de Ano Novo.

Aí descobriu que, para aceitar-se, deveria primeiramente conhecer-se. Como aceitar aquilo que não se conhece? Quem ele realmente era? Quais as qualidades que possuía? Quais seus defeitos? O que sentia, como agia e reagia nas diferentes situações que a vida lhe impunha? Lembrou-se do filósofo grego: “Conhece-te a ti mesmo”.

Percebeu então que fizera uma promessa muito maior do que imaginara. Teria trabalho o ano todo, dia após dia mergulhando em si mesmo, buscando conhecer-se, analisar-se, encontrar-se.

Foi então que compreendeu que, ao fazer aquela única promessa de Ano Novo, havia, na verdade, feito uma promessa para todos os Anos Novos que lhe restavam viver.
 
(do livro Uma Rede na Varanda)